sexta-feira, 1 de maio de 2009

Menos uma Onça-Parda no Mundo


A suçuarana atropelada em Itutinga desapareceu para sempre.
Na madrugada do dia 27 de abril, uma onça-parda (Felis concolor capricornensis) foi atropelada por um caminhão enquanto atravessava a BR-265, aqui em Itutinga-MG. Era um jovem macho de aproximadamente 40 kg, segundo testemunhas. É mais uma baixa inestimável, mais uma vítima das precarizadas rodovias do Brasil.
É muito recente a preocupação ambiental na construção e mesmo na manutenção das estradas no Brasil. Há poucos anos é que se começou a incluir nos projetos algumas formas de minimizar o impacto ambiental e também algumas estratégias de preservação, como por exemplo os túneis sob o asfalto.
Segundo o Livro Vermelho dos mamíferos brasileiros ameaçados de extinção (Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 1997), tamanho e peso variam significativamente, de acordo com as subespécies de suçuarana encontradas de norte a sul do continente americano. Machos adultos pesam entre 55 e 65 kg, ao passo que as fêmeas pesam entre 35 e 45 kg.
Pode-se dizer que, entre os animais nativos da América, a suçuarana é um sucesso em termos de adaptação aos ambientes, pois ocupava, originalmente, diferentes espaços naturais por todo o continente. Desde o Canadá até o sul da Argentina e do Chile.
Predador eficaz, a onça-parda utiliza-se de um amplo espectro de presas, variando conforme a área geográfica e com a disponibilidade de recursos. Na América do Sul, e especialmente no Brasil, suas principais presas são a capivara, a cutia, a paca, além de pequenos roedores e aves. Em algumas regiões a predação de animais domésticos também é observada. As populações encontram-se altamente ameaçadas pela caça em várias localidades do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, por ser uma importante predadora de animais domésticos, sendo atribuída à espécie prejuízos significativos aos rebanhos de gado. É importante levarmos em séria consideração que, nesse caso, a pecuária é responsável pela degradação, diminuição e destruição do hábitat desse felino. As alterações no hábitat devem ser entendidas como redução da disponibilidade de presas, água e abrigo, ou seja, degradação das condições de vida e de reprodução da espécie. Nas regiões do Brasil onde a criação de gado já está estabelecida há muito tempo, são raríssimas as informações sobre a ocorrência da suçuarana.
A suçuarana é um animal que percorre grandes distâncias, cada indivíduo ocupa um território estimado em 25 km². São estimados 100 km² para cada grupo de 4 indivíduos. Fêmeas atingem a idade reprodutiva aos dois anos e meio e os machos, aos três. A gestação tem duração média de 90 dias, sendo que a fêmea pode conceber uma ninhada/ano, embora o intervalo comum entre ninhadas seja entre 18 e 24 meses. Filhotes já acompanham a mãe em caçadas a partir dos três meses. O tamanho médio das ninhadas é de dois filhotes, variando de um a seis. A reprodução só se dá quando o território é demarcado. Isso significa que os machos só se reproduzem após a morte ou o desaparecimento dos machos mais velhos. Os limites territoriais são estabelecidos através de um sistema (sinais sonoros e arranhaduras em troncos de árvores) que minimiza o confronto entre elas.
Conhecer a espécie é fazer recuar as fronteiras da ignorância. Conhecer sobre seus hábitos é o passo definitivo para permitir que medidas adequadas de manejo evitem o extermínio dessa espécie.
Esse episódio vem nos dar uma importante lição: os atropelamentos de animais silvestres podem ser evitados, desde que eles sejam considerados vítimas em potencial. Isto é, desde que seja respeitada a condição de ser vivo e, como tal, legítimo representante da natureza, único e insubstituível.

2 comentários:

  1. Oi Luciano! Parabéns pelo blog! Tomei conhecimento dele procurando informações sobre o rio Capivari, do Rio Grande do Sul, e cheguei no Capivari de vocês. Achei estranho as fotos dele, com corredeiras. Fiquei pensando "ué! onde é que tem corrdeiras no Capivari??" Acabei bisbilhotando teu blog e conhecendo um pouco desta cidade mineira. Muito legal! Fiquei muito triste com esta postagem... numa época, fiquei até desanimada de viajar, de tantos animais mortos que se via nas estradas. Dói ver cão, gato, imagina uma onça... Bueno, parabéns pelo blog, gostei mesmo! Abraço, Tiane

    ResponderExcluir
  2. ola luciano parabens pelo comentario. É uma pena ver um animal tão lindo como esse ali parado sem vida fiquei comovido no dia do ocorrido.Tambem tirei fotos de uma outra onça que tbme morreu atropelada aqui na cidade so dessa vez uma jaguatirica e das grandes. Tenho fotos dela aki c precisar. abraço...

    ResponderExcluir