terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sobre os sistemas agroflorestais



A idéia é que essa seja a primeira de muitas postagens sobre a Agroecologia e sobre a Agrofloresta, em particular.
Em Itutinga a produção agropecuária é organizada de modo a atender, principalmente, os mercados consumidores de laticínios e de carne bovina. Os impactos ambientais são enormes. A contrapartida econômica é desvantajosa para a maioria dos produtores. A segurança alimentar não é garantida. A produção é altamente dependente de produtos agroquímicos.
A agroecologia se baseia na diversificação da produção aliada à conservação dos recursos naturais, da biodiversidade e à recuperação das áreas degradadas.
Está em gestação um sistema agroflorestal de caráter experimental para que as práticas agroecológicas se tornem conhecidas e quem sabe, sejam assimiladas e multiplicadas em Itutinga.
Um sistema agroflorestal (SAF) é uma forma de produzirmos alimentos ao mesmo tempo em que conservamos ou recuperamos a natureza. Isso é possível porque nessa forma de produção, ao invés de retirarmos toda a vegetação original e plantarmos apenas uma cultura em uma larga extensão de terra, procuramos entender o funcionamento da natureza e imitá-la, utilizando as relações entre os seres vivos a nosso favor e estimulando a biodiversidade.
Nas agroflorestas utilizamos culturas agrícolas, árvores e animais em um manejo que leva em consideração o tempo e o espaço, no qual é muito importante o conhecimento das características de cada espécie utilizada e sua relação com as demais. A adubação é feita de forma natural, com os recursos disponíveis e com a dinâmica de ciclagem de nutrientes típica das florestas, através da poda das árvores e da adubação verde. Não utilizamos agrotóxicos nem adubos químicos, pois só causam contaminação química e mais desequilíbrio, indo contra a técnica da agrofloresta (que propõe um controle natural das pragas através do restabelecimento do equilíbrio ecológico).

Vantagens dos SAF’s

1 - Os SAF’s aliam a produção de alimentos com a conservação do meio ambiente.
_ Quando não usamos venenos e químicos, não poluímos as águas, o solo e os alimentos;
_ Os SAFS ajudam a controlar a erosão dos solos;
_ Diminuem a necessidade de derrubar a floresta para abrir novos roçados;
_ Grande eficiência na ciclagem de nutrientes;
_ Ajudam a manter a fauna, permitindo realizar a caça racional;
_ Uma terra plantada com roça de forma convencional produz bem durante poucos anos, após os quais há uma queda na produção, enquanto os SAF’s duram de 100 a
200 anos;

2 - Os SAF’s são importantes na recuperação de áreas degradadas.
_ São utilizadas espécies poucos exigentes quanto a qualidade do solo, capazes de melhorar a terra para as espécies mais exigentes;
_ No consórcio de espécies, uma planta ajuda a outra a se desenvolver;
_ Ao longo do tempo, a terra vai se recuperando naturalmente;
_ A sucessão natural é o trabalho da própria natureza pra se recuperar;
_ Os SAF’s cumprem duas funções ao mesmo tempo, pois durante a recuperação da área são produzidos alimentos e outros produtos;

3 - Segurança alimentar.
_ Melhoria da alimentação das populações rurais e dos consumidores;
_ O alimento produzido sem adubos químicos é mais rico em nutrientes e mais saudável;
_ O alimento produzido sem veneno não faz mal à saúde;
_ Melhoria da qualidade de vida de quem come e de quem produz;
_ Consumindo alimentos das agroflorestas, estamos colaborando diretamente com a preservação da natureza;

4 - Os SAF’s facilitam o trabalho do agricultor.
_ Melhor distribuição da mão-de-obra ao longo do ano;
_ Tornam mais confortável o trabalho na roça;
_Quando bem estabelecidos, continuam produzindo sem exigir muita mão-de-obra em tarefas de tratos culturais e manejos;
_ Por manter o solo produtivo por longos períodos, ajuda a fixar o agricultor a terra e lhe dá mais tempo livre no dia-a-dia;
_ Garantia de produção e renda para as gerações futuras;
_ Valorizam a cultura local;
_ Melhoria da qualidade de vida dos produtores e produtoras;

5 - Benefícios econômicos.
_ Aumenta a renda familiar;
_ Custos de implantação e manutenção são acessíveis aos pequenos agricultores;
_ Intensificação do grau de utilização da área;
_ Menor risco aos produtores, devido a maior diversificação da produção;
_Construção de capital “em pé”, para o caso de emergências;
_ Diminui o custo com insumos externos;

Desvantagens dos SAF’s

1 - O manejo é um pouco mais complicado.
_ Os conhecimentos dos agricultores e técnicos sobre os SAF’a ainda são muito limitados;
_ Pouco conhecimento sobre alelopatias* ;
_ Distanciamento e espaçamento devem ser decididos pra cada espécie;
_ Utilização de espécies que podem ser novas aos agricultores;
_ Requer maior capacidade de observação e maiores conhecimentos;
_ Os efeitos benéficos dos SAF’s dependem da qualidade e periodicidade do manejo;

2 - Desvantagens econômicas.
_ O retorno do capital pode ser mais lento;
_ O manejo incorreto pode diminuir o rendimento dos cultivos agrícolas;
_ Atualmente os produtos gerados pelos SAF’s têm mercados limitados (necessidade de organização em associações e cooperativas);

3 - Outras
_ Aumenta a competição por luz, água e nutrientes;
_ Difícil mecanização com as máquinas atuais;
_ As árvores, quando grandes e velhas, podem causar acidentes;
_ Ausência de pesquisas para os cultivos consorciados;

* "Capacidade de as plantas, superiores ou inferiores, produzirem substâncias químicas que, liberadas no ambiente de outras, influenciam de forma favorável ou desfavorável o seu desenvolvimento"

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Lagarto Preguiça





Apesar dos constantes massacres que vem sofrendo em função do impacto da agropecuária, a natureza insiste em se manifestar de maneira surpreendente em Itutinga. Este é um lagarto difícil de ser encontrado pela sua capacidade de se confundir com o ambiente, é preciso ter olhos de águia para percebê-lo, como os de André Ferreira da Silva, o astuto mateiro que o localizou em suas andanças com Pedrinho e Zinho.
O Lagarto Preguiça (Polychrus acutirostris) consegue mover os olhos independentemente e se arrisca a mudar de cor, embora de uma maneira um pouco acanhada; ele não domina a arte tão bem como o seu parente camaleão. Esta proeza é conseguida com o auxílio de cromatóforos, células de sua pele, com pigmentos, que se distendem ou se contraem alterando sua tonalidade.
É uma espécie diurna. Sua camuflagem e imobilidade são suas defesas, passa a maior parte do tempo imóvel para não ser percebida pelos predadores. Seus movimentos são muito lentos, até para capturar suas presas: grilos, gafanhotos, louva-a-deus, larvas, besouros, vespas, mas os vegetais também fazem parte de sua dieta.
Sua longa cauda é preênsil, ou seja, é utilizada para “segurar”, e também para sustentar o animal em suas “escaladas” por árvores e arbustos, pois é uma espécie arborícola que habita o cerrado nas regiões Nordeste, Centro-oeste e Sul do Brasil, mas ocorre também na Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai.
Quando se sente ameaçada, a Preguiça se coloca entre o galho e o observador, para se esconder. Também pode abrir a boca ou inflar o corpo para parecer mais assustadora. Em situações mais extremas pode inflar o saco gular (do pescoço) ou até morder o visitante inoportuno. A mudança de cor é inevitável nessas ocasiões.
A reprodução da espécie ocorre de setembro a março, época de chuvas, com período de incubação dos ovos de cerca de 4 meses. Uma fêmea põe em média 18 ovos; cada ninhada varia de 7 a 31 ovos. Os filhotes nascem com 4 cm, atingem 7,5 cm ainda no primeiro ano de vida e, adultos, chegam a 15 cm, fora a longa cauda.
A nossa Preguiça não é considerada uma espécie em extinção, pois o cerrado brasileiro é muito vasto, mas em Itutinga está cada vez mais difícil observar um lindo bichinho desses.

sábado, 18 de julho de 2009

Mil visitas


Chegamos a 1000 visitas! Sem ao menos fazer uma divulgação efetiva, já conseguimos uma façanha. Isso demontra o interesse, das pessoas que visitam o blog, pela nossa cidade. Agradecemos em nome dos colaboradores!
Participe, solicite a sua inclusão como colaborador e expresse as suas ideias!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A contribuição de Itutinga para o Aquecimento Global


Todo ano é a mesma coisa: as chuvas se vão e o fogo assola Itutinga. A foto acima exemplifica o hábito de pôr fogo, pelo simples fato de estar seco, não importa o quê: lixo, quintal, terreno baldio, mato, pasto, beira de estrada, encosta de serra. E lá se vão as partículas para a atmosfera contribuir para o desequilíbrio do clima do Planeta. 
O impacto dos aerossóis sobre o clima ainda é pouco conhecido; as estimativas atuais das mudanças climáticas globais são incertas, mas consideradas por muitos cientistas, alarmantes. Sabe-se que as partículas de aerossóis presentes e constantemente lançadas na atmosfera são apenas “coadjuvantes” no cenário das mudanças climáticas, deixando os gases do efeito estufa como protagonistas de um processo sem freio e precedentes. Mas não é por isso que vamos sair por aí incendiando nossa cidade, podemos contribuir para a diminuição das emissões simplesmente tendo um comportamento adequado, fazendo a parte que nos cabe.

Já temos duas hidrelétricas no Município, Camargos e Itutinga, não precisamos colaborar mais. Os cientistas responsabilizam justamente essas usinas, eleitas como “ecologicamente corretas” para gerar energia limpa e sem resíduos, pela emissão de gases do efeito estufa. Elas lançam tanto CO2 na atmosfera quanto as termelétricas a carvão! Isso se deve à decomposição da grande quantidade de matéria orgânica que fica submersa no alagamento, florestas inteiras, e quando essa vegetação se deteriora lança no ar gigantescas doses de dióxido de carbono e gás metano. Só a usina de Tucuruí, no Pará, deposita 6 milhões de toneladas anuais de CO2 na atmosfera. Há estudos para contenção e aproveitamento desses gases exatamente para gerar energia elétrica. Há também muitos meios viáveis e não poluentes de gerar energia elétrica com tecnologia de ponta que não são utilizados, eles estão aguardando só atitudes! Apenas para se ter uma ideia, se o lago de Camargos fosse coberto por painéis solares, geraria mais energia que a atual hidrelétrica. E o que dizer do vento que sopra constantemente no Município? A hidrelétrica é uma solução simplista no Brasil, e é poluente!

Saiba Mais!

domingo, 24 de maio de 2009

A Pré-História em Itutinga



“Os problemas significativos que criamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento que estávamos quando os criamos”.
Albert Einstein


Evidências da presença humana ancestral em Itutinga (ainda) estão bem à vista.

Entre machados de pedra polida, encontrados às margens do Rio Grande e pelos campos cerrados, há também o que se pode considerar um sítio arqueológico de arte rupestre. Trata-se de uma gruta localizada na vertente sul da Serra Ouro Grosso, no local conhecido como Boqueirão.

Para a Geomorfologia (ciência que estuda as formas do relevo), boqueirão significa “abertura ou gargantas estreitas cortadas, por vezes, em serras por onde passa, ou passou, um rio” (GUERRA, Antônio T. Dicionário geológico-geomorfológico. Rio de Janeiro: IBGE, 1989).

Pois bem, no Boqueirão se encontram vestígios de pinturas rupestres que aguardam a investigação científica. Investigação essa que pressupõe o cumprimento de rigorosa metodologia de trabalho. É preciso delimitar o sítio para, em seguida, começar o trabalho de identificação, classificação, catalogação e interpretação das figuras.

A ação dos tempos, da natureza e da sociedade já deixou suas marcas nas pinturas rupestres do sítio Boqueirão. O que se pode observar de imediato são reproduções de mãos humanas de diferentes tamanhos. Há também uma série de grafismos de difícil identificação.

Ao que parece, é uma unanimidade entre os arqueólogos que os homens pré-históricos utilizavam-se das gravuras rupestres com a finalidade de manter a comunicação. Os registros deixados em rocha, aliás, constituem objeto de estudos de uma infinidade de pesquisadores. Pintura rupestre se define por um tipo de arte feita pelos homens pré-históricos nas paredes das cavernas. Como os homens desta época não tinham um sistema de escrita desenvolvido, utilizam os desenhos como uma forma de comunicação. Retratavam nessas pinturas cenas do cotidiano como, por exemplo, a caça, animais, descobertas, plantas, rituais etc. As pinturas rupestres seriam, portanto, o registro da história social dos habitantes de determinado período. Costumes que permitiriam que outros grupos ou futuras gerações de seus próprios grupos utilizassem-se destas informações registradas. Essa é uma das hipóteses da natureza dessas pinturas, a função educadora. Existem outras, como por exemplo, a função xamânica. Segundo essa hipótese os líderes espirituais retratariam, nas paredes, imagens de suas visões de transe. Essa hipótese se apoia, em grande medida, no fato de que muitos dos desenhos não retratam nada de concreto.

As paredes das cavernas serviam também como uma espécie de agenda, onde eram desenhadas algumas ideias ou mensagens. Os homens pré-históricos faziam estes desenhos utilizando elementos da natureza: extratos retirados de plantas, árvores e frutos, sangue de animais, carvão, rochas etc.

Os sítios arqueológicos, como o nome já indica, estão cheios de registros (fósseis, desenhos rupestres ou objetos) de povos ou animais que viveram em um passado distante. Sua preservação, é, por isso mesmo, crucial para que possamos entender como viviam estes povos ou criaturas e, assim, através desse conhecimento, podermos entender melhor como vivemos hoje; trata-se de preservar um passado mais ou menos conservado ao longo do tempo.

Não apenas a preservação de um sítio como um todo é importante, mas também a correta manipulação desse sítio deve ser feita de modo que, ao explorá-lo, não seja completamente deteriorado o seu conteúdo. Assim, ao surgirem novas técnicas de análise (como é o caso dos exames de DNA), possamos ainda ter seu conteúdo (ou parte dele) preservado para que esta nova técnica seja empregada. Ou seja, quanto menos pudermos alterar as características originais de um sítio através de análises não-invasivas, melhor. De maneira tal que, os locais que contêm esses elementos arqueológicos, mesmo já tendo sido explorados, conhecidos e catalogados, ainda contenham diversas pistas sobre o passado da humanidade, do passado da terra e das criaturas ali viventes.

Em próxima postagem traremos à discussão o que esse sítio (e outros mais) pode(m) representar para o desenvolvimento socioeconômico local, bem como para a preservação dos patrimônios naturais.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A Planta Carnívora de Itutinga


Vamos conhecer um pouco da nossa flora. Apesar do impacto ambiental causado pelo avanço das pastagens e pelos grandes alagamentos das hidrelétricas, a biota do município de Itutinga ainda causa surpresas ao observador atento. A “modelo” da foto acima é uma Drósera, espécime de planta carnívora muito parecida com uma flor, fotografada no Poço da Aliança, no sopé da Serra do Pombeiro.
Ela não é um monstro que devora criancinhas ou caçadores de tesouros, muito pelo contrário, é absolutamente inofensiva para alguém maior que um inseto. Este exemplar tem apenas 2,6 cm e a imagem foi capturada por uma lente “macro”, especial para registrar pequenos detalhes.
Existem várias dróseras espalhadas pelo mundo, rotundifolia, homeopatia, ragnarok, burmaninnii, intermedia, capensis, montana, sessilifolia, entre outras. A nossa é, provavelmente, uma “Drosera spatulata”. Ela tem parentes muito próximos na Austrália, país que mais apresenta plantas carnívoras no mundo depois do Brasil, mas pode ser encontrada em regiões quentes como as florestas tropicais, nos estorricantes desertos australianos e até nas tundras geladas da Sibéria, mas não na Antártica.
Atualmente são conhecidas mais de 500 espécies dessas plantinhas que comem bichinhos; só no Brasil existem mais de 80, em quase todos os estados, mas com maior ocorrência em Goiás, Bahia e Minas Gerais.
Voltando à nossa Drósera, é interessante saber como ela faz para capturar e “digerir” a sua presa. Ela utiliza o mesmo princípio das flores para atrair insetos: cores e odor de néctar, e mais, a luz refletida pelas numerosas gotículas de mucilagem (substância gelatinosa que forma uma solução viscosa) atrai insetos voadores que ficam presos e são “agarrados” pelos mortais tentáculos da planta, vagarosamente, enquanto ela enrola suas folhas e libera as enzimas proteolíticas (que digerem proteínas) que quebram as substâncias em moléculas menores para que elas possam ser absorvidas pelas folhas num processo de “digestão”. Acredita-se que a proteína dos insetos seja um complemento alimentar, pois a nossa vilã habita solo pobre, geralmente pedregoso e úmido.
Se você encontrar alguma plantinha carnívora na natureza, proteja-a, ela é muito frágil. Se você levá-la pra casa ela provavelmente vai morrer, pois precisará de cuidados muito especiais; deixando-a na natureza, outras pessoas poderão vê-la saudável e feliz degustando deliciosos insetos, animais e organismos aquáticos microscópicos, pequenos moluscos (lesmas, caramujos), artrópodes em geral (crustáceos, aranhas, centopéias), e, ocasionalmente, as mais vorazes, pequenos vertebrados, como sapos, lagartixas, pássaros e até pequenos roedores.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Itutinga ficou de fora


A TV Novo Tempo, de Jacareí – SP, está produzindo uma reportagem sobre a Estrada Real, e as belezas de Itutinga não poderiam ficar de fora. A ideia era mostrar uma canoagem com canoas canadenses no maravilhoso monumento natural do município conhecido como Garganta (Foto).
Como se sabe, a Garganta foi cercada por um muro “quilométrico”, o acesso só pode ser feito por água, e é exatamente aí que está o gargalo: a Prainha, da CEMIG, é o único ponto onde se pode chegar à Represa de Itutinga levando uma embarcação; é preciso transpor a “Segurança Patrimonial da CEMIG”.
Conversamos com o guarda-camping Félix Gonçalves dos Santos (Baianinho), este, de folga, nos remeteu à portaria da CEMIG. Falamos com o vigia Francisco (Sabidão), este, com o tenente Carlos, e em vez de uma “autorização” para acessar a represa e colocar na água as canoas, conforme assegura a Constituição Brasileira, como Direito do Cidadão, o livre acesso aos bens da União, recebemos um “NÃO”!
Na reportagem Itutinga estaria figurando entre as cidades de Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e São João Del Rei. Com o “incidente”, a equipe da TV Novo Tempo resolveu incluir Carrancas no roteiro, e se dirigiu para lá.
Desta vez quem perdeu foi o desenvolvimento do turismo, a divulgação das belezas de Itutinga, para o Patrimonialismo! Abra os olhos, Poder Público!

(Para saber mais, leia o post “Acesso à Água” publicado neste blog em 6 de abril de 2009)

domingo, 10 de maio de 2009

Expedição fotográfica.




Vim a Minas para ministrar “Técnicas de Fotografia na Natureza” no curso de Pós-graduação Latu Sensu em “Avaliação da Flora e Fauna em Estudos Ambientais”, coordenado pelo Prof. Antonio Carlos da Silva Zanzini, na UFLA, em Lavras, entre os dias 4 e 9 de maio de 2009. Me programei para que ao menos três dias eu ficasse livre para fotografar o cerrado, e a minha escolha foi voltar a Itutinga que sempre trouxe bons resultados fotográficos graças à sua exuberância de cenários e a das vidas animal e vegetal da região.
Estou escrevendo este texto na véspera da partida para Bertioga, minha e de “De”, depois de três dias e meio de muitos “clicks” e com a certeza do sucesso no trabalho realizado. Estou indo contra a minha vontade, que é de ficar mais nestas bandas e, com certeza, uma das razões das produções serem realizadas com um aproveitamento fantástico é a parceria com a “Conexão Aventura” do “Paulo e da Adriana e toda a sua equipe”, que já nos levaram em expedições fotográficas, seja a pé ou de caiaque, para muitos pontos desta região.
As serras oferecem pontos especiais para que o dia comece com uma produção fotográfica do nascer do sol. Depois, escolhendo qualquer rumo pela zona rural, encontro diferentes emoções para um “click”, no próprio cenário das estradas, com as matas, vales, afloramentos rochosos e sempre perto de muita água, corredeiras, remansos, cachoeiras e fantásticos tanques como o Poço da Aliança e o Poço do Engenho, visitados hoje, no Pombeiro, tendo Renato Andrade como guia.
Uma caminhada no cerrado sugere colocar minha lente macro, que me leva a ver, ter emoções e fotografar os pequenos detalhes que surgem como mágica. É aí que eu conto com bons parceiros de caminhada, ninguém tem pressa ou se incomoda com a “velocidade” do fotógrafo.
Para terminar o dia, Paulo nos levou para o alto da Serra do Pombeiro para assistir um espetáculo não muito comum; um pôr-do-sol com o nascer da lua. Para descrever esta emoção a De soltou a frase; “Du, olhe que coisa louca, não parece que estamos na esquina do mundo, de um lado o sol e de outro a lua?”.
Esta mistura de cultura, mata e cerrado em uma mesma caminhada é um prato cheio para quem curte fotografia em um lugar de gente boa e hospitaleira que torce e ajuda para que seu trabalho seja o melhor.
Abraços para Itutinga!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Menos uma Onça-Parda no Mundo


A suçuarana atropelada em Itutinga desapareceu para sempre.
Na madrugada do dia 27 de abril, uma onça-parda (Felis concolor capricornensis) foi atropelada por um caminhão enquanto atravessava a BR-265, aqui em Itutinga-MG. Era um jovem macho de aproximadamente 40 kg, segundo testemunhas. É mais uma baixa inestimável, mais uma vítima das precarizadas rodovias do Brasil.
É muito recente a preocupação ambiental na construção e mesmo na manutenção das estradas no Brasil. Há poucos anos é que se começou a incluir nos projetos algumas formas de minimizar o impacto ambiental e também algumas estratégias de preservação, como por exemplo os túneis sob o asfalto.
Segundo o Livro Vermelho dos mamíferos brasileiros ameaçados de extinção (Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 1997), tamanho e peso variam significativamente, de acordo com as subespécies de suçuarana encontradas de norte a sul do continente americano. Machos adultos pesam entre 55 e 65 kg, ao passo que as fêmeas pesam entre 35 e 45 kg.
Pode-se dizer que, entre os animais nativos da América, a suçuarana é um sucesso em termos de adaptação aos ambientes, pois ocupava, originalmente, diferentes espaços naturais por todo o continente. Desde o Canadá até o sul da Argentina e do Chile.
Predador eficaz, a onça-parda utiliza-se de um amplo espectro de presas, variando conforme a área geográfica e com a disponibilidade de recursos. Na América do Sul, e especialmente no Brasil, suas principais presas são a capivara, a cutia, a paca, além de pequenos roedores e aves. Em algumas regiões a predação de animais domésticos também é observada. As populações encontram-se altamente ameaçadas pela caça em várias localidades do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, por ser uma importante predadora de animais domésticos, sendo atribuída à espécie prejuízos significativos aos rebanhos de gado. É importante levarmos em séria consideração que, nesse caso, a pecuária é responsável pela degradação, diminuição e destruição do hábitat desse felino. As alterações no hábitat devem ser entendidas como redução da disponibilidade de presas, água e abrigo, ou seja, degradação das condições de vida e de reprodução da espécie. Nas regiões do Brasil onde a criação de gado já está estabelecida há muito tempo, são raríssimas as informações sobre a ocorrência da suçuarana.
A suçuarana é um animal que percorre grandes distâncias, cada indivíduo ocupa um território estimado em 25 km². São estimados 100 km² para cada grupo de 4 indivíduos. Fêmeas atingem a idade reprodutiva aos dois anos e meio e os machos, aos três. A gestação tem duração média de 90 dias, sendo que a fêmea pode conceber uma ninhada/ano, embora o intervalo comum entre ninhadas seja entre 18 e 24 meses. Filhotes já acompanham a mãe em caçadas a partir dos três meses. O tamanho médio das ninhadas é de dois filhotes, variando de um a seis. A reprodução só se dá quando o território é demarcado. Isso significa que os machos só se reproduzem após a morte ou o desaparecimento dos machos mais velhos. Os limites territoriais são estabelecidos através de um sistema (sinais sonoros e arranhaduras em troncos de árvores) que minimiza o confronto entre elas.
Conhecer a espécie é fazer recuar as fronteiras da ignorância. Conhecer sobre seus hábitos é o passo definitivo para permitir que medidas adequadas de manejo evitem o extermínio dessa espécie.
Esse episódio vem nos dar uma importante lição: os atropelamentos de animais silvestres podem ser evitados, desde que eles sejam considerados vítimas em potencial. Isto é, desde que seja respeitada a condição de ser vivo e, como tal, legítimo representante da natureza, único e insubstituível.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Itutinga no Google Earth


São mais de 120 fotos de Itutinga georreferenciadas, ou seja, com as coordenadas que dão a exata localização do ponto onde estava a câmera fotográfica no momento do click. As fotos foram publicadas e localizadas na imagem de satélite por Paulo Gaia.
Os motivos vão desde fotos objetivas, que mostram a realidade de um local, por exemplo, até imagens artísticas, capturadas com cuidado e sensibilidade. E todas estão em alta resolução.
Se você não tem o Google Earth instalado em seu computador (pode ver as fotos e sua localização no site Panoramio), pode baixá-lo aqui.
Boa viagem por Itutinga e suas paisagens maravilhosas!

Acesso à Água



A Constituição Brasileira e o artigo 10 da Lei Federal nº 7661/88 garantem ao cidadão o “livre acesso a bens públicos”. Em Itutinga os “terrenos de marinha”, uma faixa de 33 metros circundando “os lagos, os rios e quaisquer correntes de água”, existem para usufruto exclusivo dos proprietários das terras adjacentes aos córregos, rios e represas. Não há uma única área pública que proporcione um simples banho a qualquer itutinguense que queira se refrescar.
Só para se ter uma idéia do despropósito, a Represa de Camargos, apenas dentro do município de Itutinga, conta com mais de 40 km de margem balneável e nenhuma área que garanta o acesso ao cidadão comum em seu direito constitucional. A Represa de Itutinga, com seus mais de 8 km de perímetro, possui apenas uma área que permite acesso, a Prainha da Cemig, a módicos 2 reais para passar o dia, sem contar o constrangimento da “entrevista” na portaria. O Rio Grande escorre por longos 30 km dentro do município; mais generoso que as represas, oferece a Praia das Copaíbas, Itaipava e Pesqueiro com boas condições de acesso por absoluta complacência dos proprietários das terras do entorno, não se sabe por quanto tempo... Com um pouco de garra um pescador, por exemplo, consegue chegar ao Riacho Doce, Barro Preto, Mato Dentro ou até à longínqua Iracema, por precárias trilhas, cortando pastos e pulando cercas, mas nada que lhe faça jus aos direitos constitucionais.
Outras áreas com bom acesso são a Lajinha e o Cuca na Água, ambas no Ribeirão Grande, particulares, e com alguma infraestrutura – a primeira cobra 1 real como taxa de manutenção, o Poço da Sereia e o Tanque do Moinho, ambas no Ribeirão Grande e a Cachoeira do Raulino no Ribeirão Fazenda Velha.
As áreas infraestruturadas não somam 200 metros de linha de água, e é bom lembrar que são particulares. As não infraestruturadas totalizam pouco mais de 500 metros, ou seja: o cidadão comum consegue o acesso a menos de 1000 metros de rio e represas de um total superior a 70 quilômetros! E paga por isso.
Um canoísta que queira praticar o seu esporte no Rio Grande, em Itutinga, fica limitado a entrar no rio na ponte da BR-265 e sair do rio no Pesqueiro, não há opção de entrada e saída em outros pontos, ele fica sujeito a longos remansos, refluxos e é obrigado a cumprir todas as corredeiras – mesmo as de classe V – por conta da falta de acessos intermediários. A operadora local, Conexão Aventura, que vislumbra o turismo de aventura como opção de geração de renda para a comunidade local, não consegue fazer o receptivo ao turista de maneira satisfatória exatamente pela falta de acessos, estes cada vez mais escassos.
Apenas como exemplo: a Garganta, importante ponto de visitação do município, foi cercada por altos muros encimados por cacos de vidro e arame farpado.
As belezas de Itutinga, as possibilidades de passeios maravilhosos, os esportes de aventura, tudo isso está se distanciando do bem estar social. É o patrimonialismo contra a cidadania!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Espaço Aberto


Este Blog pretende promover a integração de pessoas interessadas no bem estar e na qualidade de vida da comunidade de Itutinga. É um Espaço Aberto para a publicação de idéias, divulgação de eventos, discussões, sugestões e críticas, abordagens às questões social, ambiental e cidadania, patrimônio cultural, natural, histórico, administração pública, ecologia, meio ambiente, turismo, esporte, aventura, enfim, tudo que diga respeito ao contexto "Itutinga" e que venha de alguma forma contribuir para o bem comum.
Se você deseja contribuir para esta publicação, entre em contato pelo e-mail itutinga@oi.com.br, solicite a sua inclusão como colaborador e faça a sua postagem.