segunda-feira, 14 de junho de 2010

A Festa de Santo Antônio em Itutinga - MG1

Luciano Hermes da Silva

Junho é tradicionalmente o mês de festas juninas. Cidades, paróquias, comunidades e entidades as organizam no intuito de prestar homenagem ao seu santo padroeiro, como por exemplo, Santo Antonio, em Itutinga - MG. Diferente das circunstâncias das festas juninas de um passado não tão distante, o evento saiu do mundo rural e é comemorado nas cidades com requintes do universo caipira, mas também atendendo as demandas do mundo contemporâneo, mesmo que ela ocorra descaracterizada, oferecendo elementos de outras culturas além daquela tradicional do homem do interior.

A festa junina da atualidade é apenas um estereótipo da festa caipira do século XIX, uma espécie de folclore do homem rústico, recentemente transformado em uma representação absorvida pela indústria cultural, que rigidamente modelou a festa no que se vê hoje.




O sociólogo Antônio Cândido, na obra “Os Parceiros do Rio Bonito”2, já havia anteriormente demarcado o caipira através de três conceitos que ajudam a alimentar o folclore de sua imagem: mínimo vital (satisfação imediata da existência), mínimo social (sociabilidade limitada ao parentesco e vizinhança) e rusticidade (não demanda nada do mercado além do básico). A partir destas demarcações, Cândido contextualizou e expôs como o mundo caipira era sustentado e como suas necessidades giravam em torno de um equilíbrio da economia agrícola. Ele foge dos excedentes.



Nessa perspectiva, a festa junina era um evento de rara chance em que tinha o caipira de encontrar com pessoas diferentes, pois ao contrário do mundo urbano, no espaço rural de outrora uma comunidade era afastada da outra e só se encontravam em eventos deste porte. Trata-se de um evento do calendário agrícola, tendo como referência a origem dessas festividades ainda na Europa Medieval.
Tributos a Santo Antônio, São João e demais entidades divinas eram tradicionais na Europa Medieval durante junho porque é o mês da chegado do verão, ou seja, das colheitas. Era uma forma do homem medieval, extremamente religioso, fazer oferendas e pedir sucesso no seu plantio de subsistência. Para entender ainda mais a gênese dessas festas, pode-se retomar a Antiguidade Clássica. Na Roma e Grécia Antiga essas festas eram relacionadas ao Deus do Fogo, devido à estação quente que chegava. Por isso existem fogueiras nas festas, denotando enfim a origem pagã de um evento contemporâneo envolvido diretamente com o cristianismo.

As festas de hoje em dia já vêm com tudo pronto. Tudo empacotado e pronto para comer.
Não há união, vizinho não conhece vizinho. Nas ruas não se pode mais fazer fogueira. Balões são proibidos de soltar. As festas são organizadas por clubes, escolas e entidades assistenciais.
Fazem-se shows de pagode, convidam-se grandes astros para incrementarem as festas e assim ganharem mais dinheiro. São festas comerciais. Não há mais inocência, romantismo, cooperação e fraternidade.

1 Este texto foi elaborado a partir de anotações de aulas do curso de Sociologia, do projeto Educação de Jovens e Adultos da Escola Estadual Jaime Ferreira Leite (Itutinga - MG), no ano de 2009 e com base nos textos de Ivalda Nazaré e André Ferreira.
2 CÂNDIDO, Antônio. Os parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 7ª ed., 1987.

5 comentários:

  1. Que legal..............
    Amei saber que postaram noticia de uma festa tão tradicional...espero ver mais e mais noticias interessantíssima como esta ...
    xau bjks até a próxima postagem....rsrsrsr

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  2. atualizar as fotos de Itutinga para galera de Varginha ver e ir curtir as nossas festas

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  3. Que legal!atualizar fotos da festa de 2011 pra gente ver.

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